O aposentado e consultor Osvaldo Bento Filho, 62, teve o diagnóstico de epilepsia aos 16 anos. Passou por vários tratamentos ao longo da vida, mas sem progresso, condição que afetou muito a sua vida pessoal e profissional. Como as crises não eram controladas com o uso de medicamentos, em 2022, ele realizou um tratamento cirúrgico no Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba). “Estou ótimo. Nunca mais tive crises, minha qualidade de vida melhorou 100%. Estou renascido. Voltei para a faculdade, faço cinco quilômetros de caminhada e corrida, de segunda a domingo. Também emagreci, sai de 87 para 72 quilos”.
Segundo Osvaldo, a maior dificuldade enfrentada por ele foi o preconceito. “Quando me conscientizei do meu problema, isto me ajudou muito, pois sempre me escondia e me trancava para que ninguém visse as minhas crises. Sofri muito preconceito. Tinham pessoas que se afastavam de mim quando eu me aproximava, uns diziam que eu estava com o diabo no corpo. Até sal já jogaram em mim quando eu estava tendo uma crise”, relata Osvaldo, contando que o apoio da esposa e a busca por um bom tratamento foram essenciais para melhorar a qualidade de vida.
Embora a epilepsia seja uma das doenças neurológicas mais comuns na população, ainda assim perduram preconceitos e estigmas em torno dela. São muitos que precisam ser esclarecidos e corrigidos. Por isso o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia, conhecido como Purple Day (Dia Roxo) e celebrado no dia 26 de março, é uma data tão importante para conscientizar e levar informação à sociedade, buscando desconstruir visões equivocadas sobre a doença. Com esse intuito, o Hospital INC vai promover uma roda de conversa nesta quinta-feira (27), às 10 horas, para desmistificar a doença, esclarecer os tratamentos e a prevenção. O encontro será realizado na sede do INC, no Ecoville, e a participação é gratuita.
A epilepsia é uma doença que apresenta uma prevalência de 2% na população segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que 2 a 3 milhões de brasileiros têm epilepsia, e em Curitiba e Região Metropolitana esse número pode chegar a 60 a 90 mil pessoas. “Muita gente acha que a epilepsia só se apresenta por meio de crises convulsivas, aquelas que o paciente cai no chão e se debate. As crises podem se manifestar apenas com episódios em que o paciente relata ‘sair fora do ar’ por alguns segundos”, explica o neurologista do INC, Dr. Bruno Takeshita.
“Às vezes, nem a própria pessoa faz ideia que tenha epilepsia, acha que é apenas mais desligada. Mas se não for tratada, a doença pode evoluir e provocar sérias consequências, como prejuízo cognitivo, além de colocar a vida dela e de outras pessoas em risco se, por exemplo, provocar um acidente de carro como consequência da crise”. Outra informação equivocada sobre a doença, segundo o neurologista, é que a epilepsia só aparece na infância, nos primeiros anos de vida. Na verdade, ela pode se manifestar em qualquer idade: em adolescentes, adultos e idosos.
Tratamento adequado melhora qualidade de vida
A epilepsia é causada por descargas elétricas anormais e excessivas que provocam alteração nos neurônios. As crises podem ser convulsivas ou aquelas em que o paciente fica com olhar parado, por poucos segundos, e que nem ele mesmo faz ideia de que seja epiléptico. Com acesso a um diagnóstico e tratamento adequados, cerca de 70% dos pacientes poderão obter um controle das crises, inclusive, podendo trabalhar e levar uma vida normal. Os outros 30%, que são refratários ao tratamento medicamentoso, podem se beneficiar da cirurgia de epilepsia, que deve ser determinada após investigação com exames, como ressonância magnética e videoeletroencefalograma.
SERVIÇO:
Purple Day – Hospital INC
Data: quinta, 27 de março de 2025
Hora: 10h
Local: Hospital INC (Rua Jeremias Maciel Perretto, 300, Curitiba)
Participação gratuita: https://www.eventosinc.com.br/