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Efeito cinderela? A verdade sobre cirurgias plásticas que as redes sociais não mostram

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Efeito cinderela? A verdade sobre cirurgias plásticas que as redes sociais não mostram
Plastic surgery doctor draw line on patient breast augmentation implant. Woman belly marked out for cosmetic surgery in surgery room interior

Corpos esculpidos, cinturas marcadas, curvas milimetricamente desenhadas. Nos vídeos curtos das redes sociais, influenciadoras surgem magras, lipoaspiradas e impecáveis quase da noite para o dia. Um close no rosto, uma transição no espelho e pronto: a “nova versão” está no ar. A mágica da mídia, impulsionada por filtros, edições e roteiros bem montados, transmite a ideia de que a cirurgia plástica é um processo rápido, simples e garantido. Mas, longe das telas, a realidade exige paciência, planejamento, cuidado e pode cobrar um preço alto de quem ignora essas etapas.

Especialista em cicatrização e recuperação cirúrgica, a fisioterapeuta Ana Carolina Padilha acompanha diariamente pacientes que chegam ao consultório entre a expectativa alimentada pelas redes sociais e os desafios concretos do pós-operatório. “Existe uma romantização perigosa sobre a cirurgia plástica. As pessoas esquecem que é um procedimento invasivo, com riscos e um processo longo de recuperação. Não é mágica, é medicina”, afirma.

Contornos conquistados com planejamento e cautela

Nos bastidores dos corpos transformados, o caminho inclui dor, edemas, hematomas, repouso prolongado e, em muitos casos, frustrações com o resultado estético. Em uma cirurgia como a lipoaspiração de alta definição, por exemplo, o contorno do abdômen só se revela com o tempo, após semanas de acompanhamento fisioterapêutico para controle de inchaço e prevenção de fibroses. “O resultado final não depende apenas do cirurgião. Depende do repouso adequado, da alimentação, do uso correto das cintas e da fisioterapia feita por profissionais habilitados. Sem isso, o risco de um resultado insatisfatório é alto”, explica Ana Carolina.

A falsa impressão de que tudo acontece em poucos dias também mascara os cuidados prévios que deveriam fazer parte do processo. A fisioterapia no pré-operatório, ainda pouco conhecida por pacientes, pode preparar o corpo, ativar a circulação linfática, melhorar a qualidade da pele e prevenir complicações. Já nas primeiras 24 horas após a cirurgia, o suporte especializado ajuda a modular o processo inflamatório e favorece a cicatrização. “Muita gente procura ajuda só quando surge dor ou algo fora do planejado. Mas o ideal é começar antes que o problema apareça. A fisioterapia deveria ser parte do planejamento cirúrgico, não uma solução de emergência”, reforça.

Para não correr atrás do prejuízo

Nos consultórios, é crescente o número de pessoas em busca de correções de resultados anteriores, muitas vezes marcados por negligência no pós-operatório ou falta de orientação técnica. Cicatrizes espessas, aderências profundas e assimetrias visíveis podem ter origem não na execução da cirurgia, mas na ausência de acompanhamento nos dias e semanas seguintes ao procedimento.

O trabalho da fisioterapeuta inclui diversas técnicas para prevenção de fibroses e o uso de recursos como o kinesio taping — bandagens elásticas aplicadas sobre a pele, que auxiliam na reabsorção de líquidos e na organização das fibras de colágeno. “Cada corpo reage de uma forma. O que parece um pequeno inchaço para um paciente, pode evoluir para uma fibrose se não for tratado. A função do fisioterapeuta é observar, intervir e orientar desde o primeiro dia”, afirma Ana Carolina.

Em um país como o Brasil, que lidera o ranking mundial de cirurgias plásticas, o debate sobre a banalização desses procedimentos precisa ir além do apelo estético. Mais do que uma transformação física, trata-se de uma intervenção médica com impactos diretos na saúde do paciente. “A beleza mostrada nas redes sociais não pode apagar a responsabilidade que vem com o bisturi. Cirurgia não é milagre, é um processo. E todo processo exige cuidado”, conclui a fisioterapeuta.

Dicas para quem pensa em fazer cirurgia plástica

1. Busque profissionais confiáveis

Procure cirurgiões registrados na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Avalie experiência, ética e estrutura.

2. Invista no planejamento pré-operatório

O preparo do corpo envolve exames clínicos, avaliação nutricional,  pausa em hábitos nocivos como tabagismo e trabalho com fisioterapeuta para fortalecer a pele e ativar a circulação linfática.

3. Conte com apoio durante o procedimento

Em clínicas que adotam abordagem integrada, a presença da fisioterapeuta durante a intervenção (com autorização do cirurgião) pode otimizar o posicionamento, a aplicação de bandagens como o kinesio taping e favorecer o alinhamento do tratamento desde o início.

4. Siga um protocolo pós-operatório rigoroso

O acompanhamento deve começar nas primeiras 24 a 48 horas, com drenagem linfática manual, kinesio taping, mobilizações e reavaliações. Cada corpo reage de maneira única, é preciso observação e personalização.

5. Analise o custo real da cirurgia

Valores muito abaixo do padrão do mercado podem indicar falta de estrutura, equipe ou suporte. Mas pagar mais não garante qualidade. É essencial avaliar não só o preço, mas a formação profissional, transparência, ética e plano de acompanhamento.

6. Respeite o tempo de recuperação

A pressa em voltar à rotina, o uso inadequado das cintas ou a ausência de fisioterapia podem prejudicar o resultado. A cirurgia plástica é um procedimento médico que exige planejamento, responsabilidade e observação contínua.

Sobre a especialista

Com mais de 21 anos de atuação, a Dra. Ana Carolina Padilha é fisioterapeuta especializada em Fisioterapia Pneumofuncional e Dermato-Funcional, com foco em pacientes em pós-operatórios de alta complexidade. Mestre em Gestão Ambiental, tem pesquisa sobre bactérias hospitalares e atua com tecnologias como Kinesiotaping, ultrassonografias de controle e protocolos avançados de cicatrização. Atende em Curitiba e Região Metropolitana, com acompanhamento personalizado. Mais informações no Instagram

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