O aporte financeiro inicial em um negócio é sempre muito importante e não faltou essa consciência ao já empreendedor Wagner José Alexandre. Com cerca de R$ 60 mil, o executivo comprou bons equipamentos, investiu na fachada da hamburgueria, comprou mesas e cadeiras e pagou um pessoal para fazer a panfletagem. Mas um detalhe passou despercebido para a noite de estreia: ele não tinha mais caixa para o principal, os hambúrgueres e as bebidas. O jeito, já com tudo pronto, era recorrer ao crédito e pedir fiado na praça. Com a ajuda do padeiro, do dono do açougue e do fornecedor de bebidas, na base do “pago quando puder”, além dos amigos e familiares que ocuparam a cozinha, o caixa e deram uma força no atendimento ao público, Wagner inaugurou a Pimp Burger e, na primeira noite, faturou R$ 17 mil.
A sacada excepcional de marketing que o fez conquistar este montante foi uma ação promocional de inauguração, com o valor do hambúrguer a R$ 5,00. A fila, naquele dia, deu volta ao redor do estabelecimento e foram ao todo comercializados 854 lanches. Com o valor arrecadado, Wagner pagou os fornecedores e conseguiu fazer caixa para continuar o negócio. Essa empreitada, que começou em Outubro de 2017, em Curitiba, consolidou-se no ano seguinte e, em 2019, conquistou um faturamento de R$ 3 milhões. Em 2020, com o revés da pandemia, as dívidas ressurgiram e mesmo com uma arrecadação acima de um milhão, o empresário resolveu pedir ajuda de uma consultoria para descobrir como se recuperar das sequelas deixadas por aquele ano. Em 2021, com mais de R$ 300 mil negativos, Wagner se reinventou.
Reformulou o cardápio, revisou todos os fornecedores, precificou corretamente os produtos e passou, mês a mês, a se reerguer. O esforço deu seus frutos e a Pimp Burger recuperou sua força em menos de um ano, a ponto de expandir a operação e sustentar a inauguração de uma segunda unidade em parceria com um sócio e amigo, Moacir Junior, em março de 2022. Agora, mais um ousado passo é dado: o lançamento da hamburgueria no franchising, com pretensão de chegar até o final do ano com 40 unidades, prioritariamente na região sul, onde a Pimp nasceu, e um faturamento de R$ 30 milhões.
Uma vida de empreendedorismo
A Pimp Burger não é a primeira experiência de Wagner José Alexandre no mundo do empreendedorismo. Desde pequeno, o curitibano da periferia tinha vontade de ter um negócio próprio e mesmo com as dificuldades financeiras, nunca tirou a ideia da cabeça. Aos 15 anos, com um diploma de técnico na área de indústria, começou a trabalhar em lojas de carros e vestuários. Comunicador nato, passou de vendedor a gerente, duplicando o salário em 4 anos.
Em 2010, aos 22 anos, juntou um pouco de dinheiro e abriu seu primeiro negócio: uma pequena loja de conserto de celular, que funcionou por apenas quatro meses. Persistente, algum tempo depois, em conjunto com um sócio, inaugurou outra loja, do mesmo segmento. Já era 2015 e, mesmo a empreitada fluindo, ainda não se sentia realizado. A grande guinada, que o alinhou aos propósitos de vida, aconteceu quando, ao visitar um amigo, teve a ideia de abrir um novo negócio -o terceiro- em que as pessoas pudessem se reunir e confraternizar. Naquele jantar, o anfitrião preparou hambúrgueres e, com o sucesso da noite, disse ao amigo, brincando, que juntos eles poderiam criar uma lanchonete.
As reviravoltas da vida nem sempre são simples e fáceis de compreender, mas Wagner fez do limão, como se diz, uma limonada. Poucos dias após o jantar, ele sofreu um acidente e o carro que dirigia deu perda total. Ao invés de comprar um automóvel novo com o dinheiro do seguro, optou por ter como fim outro destino. Pegou os R$ 30 mil recebidos pela seguradora, vendeu sua parte na loja de celulares, convidou o amigo para uma sociedade e abriu, então, em 2015 uma hamburgueria no terreno onde o amigo morava. O negócio ia muito bem e o plano era crescer.
Juntos, eles chegaram a alugar um novo espaço para abrir a segunda unidade, mas desencontros na hora da negociação fez a sociedade estremecer. Wagner resolveu, então, vender sua parte e seguir para um voo solo. Juntou o valor da rescisão da antiga sociedade, pegou um empréstimo com a namorada – hoje esposa-, aproveitou o ponto que já estava locado e, com R$ 60 mil, formatou a deu vida a Pimp Burger. O local tinha um grande salão, capaz de receber até 80 pessoas. Mesmo com as adversidades de uma hamburgueria que nasceu quase sem pão e carne, a Pimp Burger, que faturou R$ 17 mil na primeira noite, já provou para o que veio ao mundo: ser ponto de encontro com muito sabor, alegria e superação.