Apoios oferecidos pelas escolas ou contratados pelos pais retomam conteúdos que não foram assimilados antes que novos cheguem. É preciso ajudar o estudante a entender a importância desse momento
Seja por falta de atenção, problemas disciplinares, ou, muitas vezes, dificuldades em aprender determinados conteúdos, algumas famílias e estudantes enfrentam a dura realidade de notas que entram em queda-livre logo antes das férias escolares. Mas isso não é – e nem precisa ser – o fim do mundo, lembra a professora Fátima Chueire Hollanda, assessora pedagógica do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR). É para isso que existem ferramentas como a recuperação e o próprio reforço escolar.
Fátima salienta que a recuperação é prevista e obrigatória pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), para os casos de baixo rendimento escolar. “Quando o estudante apresenta aproveitamento insuficiente, a recuperação é realizada imediatamente após os resultados bimestrais ou trimestrais”, explica.
Já o reforço escolar pode ajudar a prevenir a necessidade de uma recuperação e, nesse caso, a decisão fica a critério das famílias. “Alguns pais contratam um professor particular, outros optam pelas aulas de reforço oferecidas no contraturno das escolas por algumas instituições”, diz. As aulas mais procuradas, nesses casos, acabam sendo para as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
A busca por apoio nessas áreas é compreensível: segundo dados de um estudo recente, realizado pela ONG Todos Pela Educação e Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), 59% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio da rede pública estão em nível “insuficiente” em Matemática e 33% em Língua Portuguesa.
Na rede privada, os índices são melhores, mas ainda preocupam. Apenas 30% dos estudantes do 3º ano atingiram nível adequado em Matemática – ou seja, sete em cada dez enfrentam dificuldades. Cenário esse que acende um alerta para a importância de medidas preventivas, como o reforço escolar, que podem evitar que as dificuldades se acumulem e comprometam as etapas futuras da formação.
Escola e família devem atuar em conjunto
Qualquer que seja o desfecho – notas recuperadas a tempo das férias ou não – é importante que haja uma parceria entre as escolas e as famílias. A professora reforça que as instituições fazem o acompanhamento constante e tem seus resultados compartilhados com os responsáveis.
Dessa forma, muitas dificuldades de aprendizagem podem ser mitigadas antes de se tornarem maiores, mas para isso é preciso atenção. “Quando a família participa ativamente dos encaminhamentos pedagógicos e atende aos chamados da escola, os resultados da recuperação de estudos costumam ser positivos, atendendo às dificuldades específicas de cada estudante”, justifica.
Recuperação é oportunidade e não punição
Além disso, a especialista do Sinepe/PR, acrescenta que a recuperação deve ser vista como uma prática cotidiana dentro das escolas e um direito de todos os estudantes. “Ela não deve ser vista como uma punição. Trata-se de uma oportunidade de desenvolvimento, uma contribuição para manter a motivação e o engajamento dos alunos nos estudos”, pondera.
Com o reforço ou a recuperação durante as férias, os estudantes podem retomar o segundo semestre mais confiantes e preparados para os desafios que ainda virão ao longo do ano letivo.