Home Blog Page 180

Condomínios devem reforçar limpeza e higienização nas férias

Com a proximidade do fim do ano, os condomínios se preparam para as férias escolares e o lazer dos moradores e visitantes. A maior quantidade de pessoas circulando nas áreas comuns – especialmente crianças e adolescentes – exige um planejamento da administração para manter a organização e a limpeza dos espaços, ainda mais no momento em que as contaminações pelo Coronavírus voltaram a crescer no Brasil.

Para que os adultos aproveitem o conforto dos ambientes coletivos – enquanto os pequenos se divertem com brincadeiras ou jogos nas quadras esportivas, parquinhos e piscinas – todos os espaços de uso comum devem ser bem limpos, do jeito certo e com os produtos certos.

“É preciso muita atenção de quem faz a limpeza dos condomínios nesse momento de descanso. Alguns prédios recebem muitos visitantes e os cuidados devem ser redobrados nos locais onde as pessoas pisam, tocam e sentam”, explica Lorena Diniz, diretora da Higicorp, empresa especializada em serviços terceirizados de zeladoria e limpeza para condomínios de Curitiba e Região Metropolitana.

Portas, maçanetas, botões nos elevadores, corrimão, churrasqueiras e pias, cadeiras e mesas, televisores e controle remoto, piso do salão de festas, banheiros, brinquedos do parquinho – tudo deve ser higienizado com produtos adequados para evitar contaminações, enfatiza Lorena.

Terceirização de serviços
Essa modalidade de serviço tem crescido no país. Atualmente, o Brasil registra aumento de 94% de contratações do segmento de facilities [limpeza, copa, segurança, jardinagem, recepção e portaria] em relação ao começo da pandemia. A informação é da Fundação Instituto de Administração (FIA-SP).

Dentre os benefícios que os condomínios têm ao optar pela terceirização nos serviços de limpeza e conservação estão a redução de custos, a queda na burocracia, mão de obra qualificada, flexibilidade nas rotinas e eficiência operacional.

“Para quem conhece as dificuldades de fazer a gestão de pessoas, a terceirização é uma ótima alternativa. Todo o gerenciamento de horário, escalas, faltas, férias, licenças, atestados, afastamentos, seleção, contratação e treinamento dos trabalhadores é feito pela prestadora do serviço. Isso traz enorme comodidade e segurança ao contratante”, observa Lorena.

A diretora da Higicorp recomenda atenção na escolha do prestador do serviço e sugere que o contratante fiscalize para ver se a terceirizada está pagando corretamente os encargos trabalhistas e previdenciários.

Condomínios vazios
Outro ponto a destacar é que em muitos condomínios acontece o contrário: o esvaziamento durante as férias. “Isso é bem comum, já que muitas famílias viajam para o litoral, interior e o campo. Neste caso, os condomínios não precisam intensificar a limpeza, mas podem aproveitar para realizar manutenções ou dar férias estratégicas para alguns funcionários”, explica a diretora da Higicorp.

“O trabalho da equipe de limpeza e conservação deve estar sempre em consonância com o dia a dia do condomínio e integrar um plano traçado em conjunto com o síndico e a administradora de condomínios”, enfatiza Lorena Diniz.

Pentacampeão mundial é embaixador de programa de futebol para crianças em Curitiba

O pentacampeão mundial Kaká é o embaixador do programa de futebol Rise Academy para crianças de 5 a 13 anos que foi lançado em Curitiba no último domingo, dia 4 de dezembro. Além de uma metodologia de campo muito eficaz, serão trabalhadas 21 habilidades socioemocionais da criança, como ética, empatia, protagonismo e autogestão.

“Pretendemos formar uma nova geração de atletas e também de indivíduos. Jovens capazes de buscar grandes oportunidades por meio do futebol mas que também tragam impacto para o mundo de outras formas”, comenta o diretor da Rise Academy e da Next Academy em Curitiba, Arthur Klas.

A Rise antecede a Next Academy que é voltada para jovens a partir dos 14 anos, e já é consolidada como a principal academia de futebol e educação de toda a América Latina. Já encaminhou mais de 2500 atletas para jogar futebol em universidades dos Estados Unidos
No dia 10 de dezembro, próximo sábado, haverá uma segunda data de lançamento onde as famílias podem vivenciar a experiência de ser um atleta Rise. Para informações e inscrições, deve-se enviar mensagem no Instagram @riseacademycuritiba ou pelo whatsapp (41) 98700-4444.

Universidade Positivo abre inscrições para programas de pós-graduação

0

Processos seletivos são realizados em duas etapas; aulas iniciam em março de 2023

A Universidade Positivo (UP) está com inscrições abertas para os programas de pós-graduação em cinco áreas: Administração, Biotecnologia Industrial, Direito, Gestão Ambiental e Odontologia. Os programas de Direito e Odontologia são destinados a graduados e pós-graduados das áreas específicas, enquanto os outros programas recebem acadêmicos de todas as áreas, por conta do caráter interdisciplinar. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail ppg@up.edu.br.

O processo seletivo será realizado em duas etapas. Na primeira fase, a banca avaliadora analisa o currículo Lattes, a redação e o anteprojeto solicitados no edital. Na segunda, em entrevista, o candidato apresenta o anteprojeto de pesquisa, as razões, motivações, disponibilidade e as condições para o mestrado. Os interessados em fazer o doutorado precisam apresentar também a dissertação do mestrado. As inscrições ficam abertas até 7 de dezembro de 2022 e as aulas iniciam em março de 2023. Mais informações no site.

Serviço

Programa de Pós-Graduação da Universidade Positivo (PPG/UP)

Inscrições: primeira seleção, até 7 de dezembro de 2022, via e-mail: ppg@up.edu.br

Mais informações: https://www.up.edu.br/mestrado-e-doutorado/

Sobre a Universidade Positivo

A Universidade Positivo é referência em Ensino Superior entre as IES do Estado do Paraná e é uma marca de reconhecimento nacional. Com salas de aula modernas, laboratórios com tecnologia de ponta e mais de 400 mil metros quadrados de área verde no campus sede, a Universidade Positivo é reconhecida pela experiência educacional de mais de três décadas. A Instituição conta com três unidades em Curitiba (PR), uma em Londrina (PR), uma em Ponta Grossa (PR) e mais de 70 polos de EAD no Brasil. Atualmente, oferece mais de 60 cursos de graduação, centenas de programas de especialização e MBA, cinco programas de mestrado e doutorado, além de cursos de educação continuada, programas de extensão e parcerias internacionais para intercâmbios, cursos e visitas. Além disso, tem sete clínicas de atendimento gratuito à comunidade, que totalizam cerca de 3.500 metros quadrados. Em 2019, a Universidade Positivo foi classificada entre as 100 instituições mais bem colocadas no ranking mundial de sustentabilidade da UI GreenMetric. Desde março de 2020 integra o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Mais informações em up.edu.br/

Sete alimentos que podem aumentar a felicidade, segundo a ciência

0

Está comprovado: alguns alimentos têm o poder de aumentar os níveis de serotonina e vitamina B no organismo e melhorar o humor. Saiba quais são e invista neles

Muitas pessoas não sabem, mas uma dieta rica em doces, gordura saturada, cereais refinados, ou seja, alimentos preparados com farinha branca margarina, possuem um grande potencial de serem pró-inflamatórios – ou seja aumentam a probabilidade de o organismo desenvolver doenças inflamatórias. Mas não é só isso. A ciência também explica que esses alimentos são associados à piora de sintomas depressivos e de ansiedade. Logo, para manter a saúde em dia, a dieta tem que ser justamente contrária a isso. “O ideal é investir numa alimentação com um perfil anti-inflamatório, bastante frutas, legumes, verduras, cereais integrais, azeite de oliva, carnes magras, e em especial peixes de águas frias, como salmão, atum e sardinha”, afirma a nutricionista Carolina de Quadros Camargo, mestre e doutora em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professora do curso de Nutrição na Universidade Positivo (UP)

Ela sugere uma dieta parecida com a mediterrânea, só que, neste caso, acrescentam-se também alimentos como cacau, chá verde, gengibre, cúrcuma e alecrim. “Todos eles têm um potencial de melhorar transtornos depressivos e de ansiedade e podem fazer parte do cardápio, seja na forma de temperos ou como o chá verde, que pode ser tomado ao longo do dia, entre as refeições, menos no período noturno, por conter cafeína”, explica.

A professora Carolina também cita a importância dos alimentos ricos em ácidos graxos ômega 3 na alimentação. “Eles teriam uma potencialidade de melhorar os aspectos cognitivos e transtornos de humor. São encontrados no salmão, na sardinha e no atum”, orienta. Segundo ela, a vitamina B12 também não pode ficar fora dessa lista de nutrientes, já que, como o ômega 3, podem trazer benefícios cognitivos. “Eles estão presentes nos alimentos de origem animal, mas deve-se dar preferência ao menor teor de gordura, como leite e derivados desnatados e carnes magras.”

Quanto mais frutas no prato, menor risco de depressão

O fato de boa parte dos alimentos que dão a sensação de felicidade vir das frutas tem uma base científica. Um estudo publicado no British Journal of Nutrition entrevistou 428 adultos e analisou a relação entre o consumo de frutas, legumes, lanches doces e salgados e a saúde psicológica. A pesquisa mostrou que quanto mais frequente o consumo de frutas, menor o risco de depressão. 

As descobertas dos pesquisadores sugerem que a frequência com que se come frutas é mais importante para a saúde psicológica que a quantidade total que é consumida durante uma semana típica. O estudo também descobriu que as pessoas que comem lanches salgados, como batatas fritas, que são pobres em nutrientes e ricos em gorduras saturadas, são mais propensas a relatar maiores níveis de ansiedade. Depois de levar em consideração fatores demográficos e de estilo de vida, como idade, saúde geral e exercícios, a pesquisa descobriu que tanto frutas ricas em nutrientes quanto lanches salgados pobres em nutrientes pareciam estar ligados à saúde psicológica. Eles também descobriram que não havia associação direta entre comer vegetais e saúde psicológica. “A verdade é que os nutrientes encontrados em alimentos saudáveis trabalham para fazer com que o cérebro produza serotonina, conhecido como o hormônio do bem-estar. O triptofano, aminoácido essencial para a síntese de serotonina, está presente em muitos alimentos, entre eles nas frutas como a banana, o abacate e o coco”, explica a professora.

Precursores da felicidade

Mas não só essas frutas estão ligadas à felicidade. Outros produtos muito apreciados e conhecidos dos brasileiros como o cacau, o café e os alimentos fermentados atuam no nosso humor. Veja abaixo o porquê de cada um deles, de acordo com os estudos publicados pelo site americano CTNET e validados pela professora de nutrição da Universidade Positivo, Carolina de Quadros Camargo:  

Abacate: fruta cremosa, de sabor suave, é rica em gordura monoinsaturada, que tem um potencial anti-inflamatório e repleta de nutrientes, incluindo a colina, que o organismo usa para regular o sistema nervoso e o humor. Um estudo de 2020 descobriu que as gorduras saudáveis do abacate estão associadas à diminuição da ansiedade nas mulheres. Outro grande motivo é que ele é rico em vitamina B, que tem sido associada a níveis mais baixos de estresse.

Alimentos fermentados: kefir, kombucha, iogurte, ajudam a manter um intestino saudável e podem ajudar a melhorar o humor. O processo de fermentação cria probióticos, que, por sua vez, sustentam bactérias saudáveis no intestino. Até 90% da serotonina produzida pelo organismo é criada a partir de células intestinais. Logo, consumir alimentos fermentados promove uma melhor produção de serotonina.

Banana: ela sozinha não tem uma quantidade suficiente de triptofano capaz de produzir a quantidade de serotonina adequada no cérebro a ponto de atravessar a barreira hematoencefálica. Mas pode desempenhar um papel crucial na regulação do humor de maneira mais indireta, já que o organismo precisa de vitamina B6 para criar serotonina – e as bananas são especialmente ricas nesse nutriente. Uma banana média contém 0,4mg de vitamina B6, ou seja, 25% da ingestão diária recomendada.

Café: uma meta-análise de 2016 concluiu que o consumo de café, com moderação, está significativamente associado à diminuição do risco de depressão. Um estudo do National Institute of Health (EUA) avaliou que quem toma 4 xícaras de café diariamente – tanto com cafeína quanto descafeinado – tem 10% menos chance de sofrer de depressão.

Chocolate amargo: de preferência acima de 70% de cacau, tem um perfil anti-inflamatório. Mas uma revisão sistemática descobriu que o chocolate também pode atuar positivamente no humor. E existem três componentes principais encontrados nele que estão associados à sensação de felicidade: triptofano, teobromina e feniletilamina. O primeiro, o triptofano é um aminoácido que o cérebro usa para produzir serotonina; a teobromina é um estimulante que pode melhorar o humor; e a feniletilamina é outro aminoácido usado pelo organismo para produzir dopamina, atuando como antidepressivo.

Coco: é uma fruta rica em gorduras monoinsaturadas, chamadas de triglicerídeos de cadeia média, que podem ajudar a aumentar a energia ao mesmo tempo que auxiliam no controle do colesterol. Um estudo de 2017 em animais descobriu ainda que os triglicerídeos de cadeia média do leite de coco poderiam reduzir a ansiedade.

Frutas vermelhas: as famosas berries são ricas em antioxidantes, mais especificamente em flavonoides, que podem reduzir os sintomas de depressão. Um estudo em que os participantes receberam suco de mirtilo mostrou resultados promissores que também vincularam a ingestão da fruta ao declínio cognitivo mais lento associado ao envelhecimento. 

Sobre a Universidade Positivo

A Universidade Positivo é referência em Ensino Superior entre as IES do Estado do Paraná e é uma marca de reconhecimento nacional. Com salas de aula modernas, laboratórios com tecnologia de ponta e mais de 400 mil metros quadrados de área verde no campus sede, a Universidade Positivo é reconhecida pela experiência educacional de mais de três décadas. A Instituição conta com três unidades em Curitiba (PR), uma em Londrina (PR), uma em Ponta Grossa (PR) e mais de 70 polos de EAD no Brasil. Atualmente, oferece mais de 60 cursos de graduação, centenas de programas de especialização e MBA, cinco programas de mestrado e doutorado, além de cursos de educação continuada, programas de extensão e parcerias internacionais para intercâmbios, cursos e visitas. Além disso, tem sete clínicas de atendimento gratuito à comunidade, que totalizam cerca de 3.500 metros quadrados. Em 2019, a Universidade Positivo foi classificada entre as 100 instituições mais bem colocadas no ranking mundial de sustentabilidade da UI GreenMetric. Desde março de 2020 integra o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Mais informações em up.edu.br/

Polônia em risco? O acumulado de tensões da invasão à Ucrânia

0

João Alfredo Lopes Nyegray*

Foi num fatídico dia 1.º de setembro – em 1939 – que a invasão da Polônia acendeu o estopim da Segunda Guerra Mundial. O conflito que, àquela altura, era quase inevitável, iniciou-se oficialmente após o ataque ao território polonês. Ainda que a Segunda Grande Guerra tenha sido encerrada há 77 anos, os horrores que trouxe seguem muito vivos. Talvez por isso, a explosão no vilarejo polonês de Przewodów, que matou duas pessoas recentemente, tenha deixado o mundo todo numa apneia de receio. 

Logo após a explosão, o presidente polonês Andrzej Duda convocou o embaixador russo para explicações. Moscou, por óbvio, alegou que o ataque não foi seu e que partiu da Ucrânia. Por mais verdadeira que tenha se mostrado essa fala, ao momento em que foi proferida mais se pareceu como os tradicionais blefes russos. Após alegar que civis mortos em Bucha foram trabalho de Kiev, assim como em Kharkiv ou em Zaporizhzhya, pouca credibilidade resta às afirmações moscovitas. 

No fim, as explosões em Przewodów foram uma tentativa da defesa ucraniana de interceptar mísseis russos. Um ato falho, possivelmente não deliberado, que causou mais duas mortes civis que se somam ao acumulado de corpos não beligerantes que a guerra tem deixado como rastro. Os destroços analisados inicialmente mostravam restos do sistema de defesa S-300, de fabricação russa – o que, momentaneamente, foi visto como um ataque do Kremlin – mas que estão sendo usados pela Ucrânia como sobras da Guerra Fria – o que trouxe um certo alívio. 

O grande perigo de um ataque à Polônia reside no fato de que os poloneses fazem parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a organização militar de defesa mútua. Isso significa que um ataque aos poloneses poderia trazer todos os membros da organização ao conflito, numa resposta conjunta à Rússia. Isso certamente seria fatal para a vida no planeta como a conhecemos. 

Fato é que grandes guerras não começam do dia para a noite: são o acumulado de atos menores, de tensões que vão sendo escaladas até um ponto de não retorno. Grandes conflitos ganham essa proporção, e não simplesmente começam assim. A explosão na Polônia mostra não apenas que essa guerra pode sim ficar mais violenta, mais letal e envolver mais países. Mostra também como o conflito está longe do fim.

*João Alfredo Lopes Nyegray, doutor e mestre em internacionalização e estratégia. Especialista em Negócios Internacionais. Advogado, graduado em Relações Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo. Instagram @janyegray

A mutualidade do prazer

0

Ocir Andreata*

Fisiologicamente, apesar da consagrada igualdade entre gêneros hoje, a compreensão do orgasmo passa inevitavelmente pelo reconhecimento de naturezas biológicas opostas e complementares entre os corpos de homens e mulheres. A complexidade de elementos, subjetivos e objetivos, e o alcance de gozo do orgasmo feminino, fazem do orgasmo masculino um instante falho e pífio, quanto mais este se vincula ao ato ejaculatório. Tanto pior numa ejaculação prematura. Nessa analogia, o orgasmo feminino é reflexo psicofísico que se abre de continuum a um gozo de prazer crescente até ao limítrofe do descontrole emocional; o orgasmo masculino, ao contrário, um processo psicofísico de fechamento e fim de um ciclo de excitação, cuja tensão exige descarga e resolução (repouso) logo após a ejaculação. Nesse sentido, o orgasmo feminino é rico e o masculino pobre. Na verdade, o gozo é feminino; o homem, no máximo, goza de dar gozo.

Psicologicamente, o pai da psicanálise, Freud, buscando descrever e explicar o fenômeno da sexualidade, falou pouco do termo orgasmo, mas sua tentativa de uma concepção psicofisiológica do prazer ligava o desejo, a excitação e o orgasmo como uma psicodinâmica de geração energética, compressão e descarga. Imagem tomada, porém, sempre do ponto de vista masculino. E, desconhecendo ainda a extensão anatômica e a função do clitóris, pensa o sexo feminino pela analogia da castração e cria o indevido mito do orgasmo critoriano como prematuro ou infantil e o suposto orgasmo vaginal como maduro ou adulto. Nada mais equivocado. Sabemos que o clitóris é um órgão altamente inervado e exclusivo do prazer, e que faz uma função subjetiva do orgasmo.

Historicamente, o sociólogo inglês Anthony Giddens observou no fenômeno social e relacional crescente desde meados do séc. XX que, após décadas de revoluções culturais, o prazer entra definitivamente na agenda das relações pessoais, afetivas e sociais. Gradualmente, as relações afetivas mútuas passam a ser organizadas e pactuadas em torno da busca de prazer. As várias formas cada vez mais democráticas de prazer, que exigem o orgasmo, formam novos laços afetivos e de famílias, que também facilmente se desfazem frente ao não mais prazer. Desejo, prazer e orgasmo tornam-se sinônimos de união conjugal – hetero, homo ou poliamor. 

Nas duas últimas décadas observa-se o que chamo paradigma Tinder-Pornô (Tinder, ícone da facilidade de acesso ao sexo; Pornô, imagem padrão do erótico), ainda que performático e distorcido, incrementado pela adição de brinquedos eróticos e terceiros na cama, complicando ainda mais as relações pactuais. Há uma revolução sexual em curso e uma sintomatologia em demanda. A atual sociedade do gozo não quer abrir mão do orgasmo, mas também este começa a se perder, na medida em que o sexo orgástico se torna comum e banal, em que o masculino entra em crise frente à potência de gozo da mulher livre, e na medida em que a defesa se desloca para o novo sintoma do não-desejar da nova assexualidade. 

Entretanto, a partir da experiência clínica e retomando a observação de Wilhelm Reich, pai da revolução sexual cultural, parece haver de fato uma função do orgasmo, enquanto formação de vínculo afetivo e ética relacional da parceria, hetero ou homossexual. Se a atual evolução social da sexualidade orgásmica exige a manutenção do nível de prazer na relação, em cuja ausência facilmente se rompe, também se nota que o orgasmo é a amálgama de gozo que mantém o laço afetivo. Logo, gozar a dois é preciso e necessário, cada vez mais, para se habitar num ninho familiar. O que Reich pensava como “potência orgástica” era um laço de relações afetivo-sexuais mutuamente prazerosas de forma contínua a formar um campo bioenergético vital. Relações, tanto quanto possível, de mutualidade amorosa, carícias, carinho e alteridade.

Qual é, então, a função social do orgasmo? A manutenção social da relação. Na relação se mantém o sentido do afeto prazeroso, cuja qualidade de vivência se torna em amor. No amor se mantém a conjugalidade e a parentalidade familiar. Certamente, o amor é uma qualidade da relação afetiva, a qual, como vimos, exige prazer. Em termos sexuais, o vínculo do prazer é o orgasmo. Portanto, o orgasmo tem a função social da manutenção da relação. Neste sentido, há uma ética do orgasmo que exige a mutualidade de prazer, tanto livre quanto respeitoso. Mais que nunca é preciso gozar muito e junto.

*Ocir Andreata, psicoterapeuta e sexólogo, professor e coordenador da pós-graduação em Sexualidade Humana da Universidade Positivo (UP).

Jardim pet friendly: dicas para cultivar jardim sem oferecer perigo aos animais

0

Evitar plantas tóxicas e investir em decoração que estimule o bem-estar emocional dos bichinhos são prioridades

Além de ser um hobby para muitas pessoas, há inúmeros benefícios em manter um jardim bem-cuidado. As plantas ajudam a relaxar, estimulam a criatividade e melhoram o ar do ambiente, já que são umidificadores naturais e, consequentemente, amenizam alergias. Entretanto, com a presença de animais de estimação no local, a manutenção de um jardim é uma tarefa que requer muita atenção e planejamento por parte do responsável pelo espaço, pois é preciso considerar que os pets naturalmente sentirão o desejo de explorar todos os cantos desse jardim.

Por conta disso, deve-se priorizar as plantas que não sejam tóxicas para os animais, conforme explica a mestre em Medicina Veterinária Preventiva e professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo (UP), Maysa Pellizzaro. “Plantas como azaleia, jiboia, orelha-de-elefante, comigo-ninguém-pode, costela-de-adão, flor-da-fortuna, espada-de-são-jorge, hortênsia e lírio, que são muito comuns no Brasil, podem causar quadros de intoxicação aguda nos animais, com acometimento de fígado, rins e outros órgãos, podendo até ser fatal, dependendo da quantidade, do tipo e da suscetibilidade individual do pet”, alerta.

Em contrapartida às plantas tóxicas, Maysa relata que diversas plantas e ervas podem ser utilizadas e que, se consumidas, não causarão um quadro de intoxicação nos pets, como o manjericão, salsinha, coentro, canela, erva-cidreira, sálvia, alecrim, abobrinha, bananeira, pepino, abóbora, melão, melancia e manga. “Algumas plantas ornamentais também podem ser incluídas no jardim sem causar danos à saúde dos animais, como a violeta, peperômia, bambu, samambaia, orquídea, camélia e suculentas.”

Mesmo evitando o uso de plantas tóxicas aos animais, é importante levar em consideração que eles necessitam de atividades estimulantes para ter menos vontade de destruir as plantas. “Colocar alguma espécie de alimento para que possam mastigar, como graminhas de milho ou alpiste, e oferecer brinquedos recheados de alimento ou que possam arranhar e escalar são soluções interessantes para distraí-los das plantas. Outra dica é utilizar grãos tratados de vermiculita na adubagem, pois, além de deixar as plantas úmidas por mais tempo, agem como repelente natural por ter cheiro que lembra citronela, e não faz mal para os bichinhos”, recomenda a arquiteta do Grupo A.Yoshii, Lorena Santos.

Outro ponto essencial para o cultivo de um jardim em locais onde há a presença de pets é a escolha do gramado, que precisa ser resistente para acompanhar o ritmo deles sem sofrer tanto desgaste. Lorena recomenda a grama-são-carlos e a esmeralda, que são espécies mais resistentes ao pisoteio do que as outras, mas que não são livres de deterioração. “É preciso saber que nenhuma grama é forte o suficiente para aguentar a urina ácida e as caminhadas diárias dos animais, por isso, vale a pena apostar em espaços além do gramado e que sejam fáceis de limpar, como uma área de piso porcelanato.”

A arquiteta também ressalta que são necessárias algumas adaptações na decoração do ambiente para evitar acidentes. “Enfeites de vidros, objetos pontiagudos e produtos de limpeza devem estar fora do alcance dos animais. Recomenda-se o uso das redes de proteção, portões, grades e muros, a fim de evitar as quedas e fuga”, aponta a arquiteta, lembrando que mobiliários como lareiras, aquecedores e fogões precisam de proteção para impedir que os pets se aproximem. Além disso, é importante manter as latas de lixo fora do alcance deles, pois podem conter produtos químicos e objetos pontiagudos e cortantes. Maysa lembra ainda que é preciso pensar na altura de portões e muros, principalmente por conta dos gatos, que são capazes de saltar alturas consideráveis.

A médica-veterinária destaca que, ao decorar o jardim, deve-se considerar também o bem-estar dos pets, visto que a maior parte das questões emocionais que os envolve se relacionam com o cuidado e atenção recebidos, além da rotina estabelecida no ambiente em que vivem. “Para os gatos, aspectos de decoração relacionados a espaços nas alturas que eles possam acessar são benéficos na expressão do comportamento natural, tornando-se bastante atrativo aos felinos. Os cães se beneficiam da sombra e do sensorial que algumas plantas promovem quando eles interagem, sendo outro ponto de importância na escolha das plantas corretas para o espaço”, finaliza. Na decoração nas alturas para os gatos, Lorena recomenda o uso de nichos e prateleiras, além do uso de tecidos sintéticos que imitam camurça e couro, que são ótimas opções para utilizar nos mobiliários por serem materiais fáceis de limpar e por oferecerem a possibilidade de tonalidades da cor da pelagem do animal, disfarçando os pelos que ficam soltos.

Sobre a Universidade Positivo

A Universidade Positivo é referência em Ensino Superior entre as IES do Estado do Paraná e é uma marca de reconhecimento nacional. Com salas de aula modernas, laboratórios com tecnologia de ponta e mais de 400 mil metros quadrados de área verde no campus sede, a Universidade Positivo é reconhecida pela experiência educacional de mais de três décadas. A Instituição conta com três unidades em Curitiba (PR), uma em Londrina (PR), uma em Ponta Grossa (PR) e mais de 70 polos de EAD no Brasil. Atualmente, oferece mais de 60 cursos de graduação, centenas de programas de especialização e MBA, cinco programas de mestrado e doutorado, além de cursos de educação continuada, programas de extensão e parcerias internacionais para intercâmbios, cursos e visitas. Além disso, tem sete clínicas de atendimento gratuito à comunidade, que totalizam cerca de 3.500 metros quadrados. Em 2019, a Universidade Positivo foi classificada entre as 100 instituições mais bem colocadas no ranking mundial de sustentabilidade da UI GreenMetric. Desde março de 2020 integra o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Mais informações em up.edu.br/

Um ano para a História

0

Daniel Medeiros*

Todo ano que termina nos faz respirar aliviados, principalmente por ainda estarmos respirando, apesar de tudo. E isso quer dizer que, até aqui vai tudo bem. Afinal, ainda estar por aqui implica a possibilidade de refazer os caminhos abandonados, reiniciar as promessas esquecidas, recuperar os prejuízos ocorridos, reformar as decisões mal pensadas, recalcular os rumos da jornada. Ou seja, continuar vivendo. O tempo passa e  percebemos porque deixamos nossas marcas pelo caminho, como o náufrago na ilha deserta que vai riscando a pedra para evitar esquecer que foi esquecido pelo mundo. Manter nossa fé no tempo e na ideia de que somos o que somos porque podemos mudar as coisas ao longo dele é a grande marca de distinção da nossa espécie. Imagino minha cachorrinha que, por mais que me ausente por quinze minutos, recebe-me como se eu estivesse voltando de uma peregrinação a Santiago de Compostela. O que é a vida para ela? Um eterno esperar e angustiar-se pela ausência de seus amados. Uma vida sem noção de que uma hora, um dia, uma semana, podem ser amortizados na medida em que depois podemos contar o tempo juntos em um mês, um ano, uma vida. Nossa recusa em sermos cães é que define nossa permanência no mundo, sonhando, planejando, construindo, plantando araucárias aos cinquenta anos de idade e olhar a pequena muda e pensar: ainda te verei alta e robusta.

Todo ano, por mais que tenha sido marcado por eventos ruins, eles acabam depositando-se na memória e, depois, no largo campo do esquecimento. Tudo graças ao nosso infinito apetite por ter boas sensações da vida. Isso é que permite que as dores, aos poucos, se dissipem e aquela ideia de que “jamais voltaremos a sorrir” acabe, ora veja, em um sorriso, meio envergonhado, mas um sorriso. Freud já lembrava, em seu “Luto e Melancolia”, da importância de deixarmos o tempo atuar sobre nossas energias psíquicas até que elas resolvam aceitar a perda do objeto de desejo e voltarem-se para outro, pois sempre há um objeto de desejo largado por aí, nesse mundão. A doença, lembrava o mestre vienense, é continuar a amar o objeto perdido e ignorar sua partida, seu desfazimento no Letes, o rio do esquecimento necessário.

Todo ano que finda, guarda, ironicamente, uma festa de nascimento e depois uma festa de despedida, no intervalo de uma semana. Os cristãos comemoram o nascimento de Jesus, o grande astro da esperança, e depois, despedem-se do ano à espera de Janus, o deus romano, bifronte, uma face para o futuro, uma face para o passado. Pois não é isso a esperança? O desejo de que o passado não se modifique de maneira tão abrupta e que o futuro se pareça com que há de melhor dele. Nos brindes da passagem, o desejo que começa sempre com a frase: nesse ano, eu espero… 

Ainda há, nessa época do ano, a promessa. Outra palavra que faz muito sucesso, buscando corrigir o que um ano só (ou uma vida inteira, até aqui) não conseguiu. Esperamos e prometemos, tentando agarrar o tempo em nossas mãos, fazê-lo uma massa de modelar segundo nossos desejos. Ilusão, sabemos. Mas queremos participar desse mistério que é estarmos no mundo, em meio ao invisível do tempo, e logo depois, em um estalo, não estarmos mais. Quando prometemos, projetamo-nos para um futuro, próximo ou distante. Tudo o que queremos é estar lá para cumprir a promessa. E de nosso sorrir – ou lamentar – mais um ano que passou. E dizer: até aqui, tudo bem.

*Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica e professor de Humanidades no Curso Positivo.

@profdanielmedeiros

A ousadia rebelde

0

Daniel Medeiros*

O conhecimento de algo dá-se por suas causas. Não saber do que algo é feito, de onde veio, quem o fez, como e por qual razão, dificulta, senão impede saber do que se trata. A coisa, cujas causas não são conhecidas, é algo que existe em nós ou em volta de nós como um espectro, e convivemos com ela atribuindo-lhe uma dimensão mágica, fruto da nossa imaginação, pois que nossa razão não a alcança. Como dizia o personagem de Ariano Suassuna, tão gentil e engraçado em sua ignorância: “Não sei por que foi, mas sei que foi assim.” A natureza então existe por razões que não podemos explicar e nos relacionamos com ela como se vivêssemos em um sonho delirante no qual as coisas surgem do nada, por nada e para atender a fins que variam de pessoa a pessoa, ocasião a ocasião. Se é bom para mim, então é bom; se é agradável para mim, então é agradável. Como no Gênesis, vamos dando nomes às coisas pelo impacto que nos causam. Com o tempo, porém, passamos a crer que se tratam de características das próprias coisas. Uma loucura!

Poucos pensadores foram mais enfáticos para os riscos dessa imaginação perniciosa das coisas do que Spinoza. Para ele, a superstição era a grande inimiga da liberdade, pois nos aprisiona em um mundo irreal, um mundo de fake news. Para o filósofo holandês, a principal superstição é a de que todas as coisas agem em função de um fim, que deve ser um fim bom para os bons e mau para os maus, como se Deus, na Criação, tivesse feito tudo em função dos homens e fez os homens, em troca do usufruto de tudo, para que lhe prestassem culto e louvor. E o pior, diz o filósofo, é que mesmo que o tempo e a experiência mostrem que as coisas agradáveis e desagradáveis ocorrem, indistintamente, aos devotos e aos ímpios, sem que pareça que Deus esteja atento aos que devotam suas vidas a Ele enquanto outros ignoram essa relação de toma-lá-dá-cá, o preconceito e a superstição não se alteram. Ao contrário, sem respostas para explicar por que inocentes sofrem enquanto pecadores prosperam, o cidadão não acha saída senão afundar-se na ignorância. E responde: “Deus é quem sabe o que faz.”

E o que leva os homens a essa interpretação tão absurda das coisas, tão contraditória? Spinoza não hesita em responder: “O medo é a causa que origina, conserva e alimenta a superstição. Os homens só se deixam dominar pela superstição enquanto têm medo; todas essas coisas que já alguma vez foram objeto de um fútil culto religioso não são mais do que fantasmas e delírios de um caráter amedrontado e triste…”

Tristes homens cheios de medo, de afetos tristes que os consomem e dos quais não conseguem perceber que podem sair se conhecerem suas causas e moverem seus corpos em busca de encontros alegres, que aumentem sua perfeição, que tornem a vida mais interessante e criativa. A saída para a vida, dirá Spinoza, é a própria vida conhecida pelos homens, em sua razão e nada mais. O conhecimento afasta o medo, não porque ele se dissipa, mas porque esclarece e dá-nos a chance de enfrentá-lo ou de aceitarmos sua inevitabilidade.

Essa escravidão dos afetos tristes diminui o homem em sua potencialidade, encolhe-o e priva-o de sua grande qualidade: a racionalidade para compreender e usufruir do mundo. Diz Spinoza: “A superstição, de racionais transformam os homens em irracionais, os preconceitos tolhem por completo o livre exercício da razão e a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, parecendo expressamente inventados para apagar definitivamente a luz do entendimento!”

O escravo inventa o tirano, que o comanda, dirige e dele tira a força de seu poder. Incapaz de agir por conta própria, de dar direção à sua própria potência, encruado pelo medo do castigo e do não cumprimento dos deveres, o escravo é a outra face do tirano. De ontem e de hoje.

A saída? A saída é perseverar. Ou, como disse Kant, sem saber que seu brado viria ser a mais importante bandeira de luta em um distante país dos trópicos:  Ousa saber!

*Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica e professor de Humanidades no Curso Positivo.
@profdanielmedeiros

A insustentável certeza de nosso engano

0

Daniel Medeiros*

Aqueles que leem Sérgio Buarque de Holanda entendem o que ele quis dizer quando se referiu aos brasileiros como “homens cordiais”. No entanto, acabamos por aceitar, sem muito senso crítico, a ideia de que a cordialidade a qual se referia o pai do Chico era a de nosso espírito acolhedor, solidário, amistoso, sempre disposto a ajudar os outros, sem reservas. Aceitamos porque é tão bonito pensar que somos todos, como povo, assim, generosos e tolerantes, incapazes das violências que marcaram outras terras, como a Europa com seus fascismos ou os EUA com sua guerra civil e sua intolerância racial. Nós, não. É certo que há ali ou acolá um quê de exagero, mas isso é só da boca pra fora. Brasileiro não discrimina ninguém e, na hora do aperto, é o mais solidário do mundo. Somos cordiais. Ponto final.

Nos bancos escolares, aprendemos que nossa Pátria nunca precisou de guerras fratricidas para se consolidar, exceto uma ou outra rusga sem importância, sempre promovida por radicais alimentando ideias estrangeiras, exóticas. Por outro lado, unimo-nos contra o inimigo externo, os holandeses que forjaram nosso Exército e os paraguaios que nos deram tantos heróis. Eles, os estrangeiros, que tentem desafiar nossa cordialidade e verão que “um filho seu não foge à luta”. E também os infiltrados em nossa terra e, igualmente, os “inocentes úteis” que replicam as ideias alienígenas como se elas pudessem frutificar em nossa terra de tradições tão caras. Mas, tirando isso, ajudamos a todos, queremos bem a todos, somos dedicados e fiéis, amistosos e sempre dispostos a colaborar. É como somos. E ponto final.

Nas eleições, temos predileção pelos candidatos que defendem nossos valores e pregam nossas convicções mais profundas. Nem todos são perfeitos, não se pode esperar isso, mas o importante é estar em sintonia com o que se acredita, a família, a religião, a Pátria, contra aqueles que querem destruir, modificar, enfraquecer. O Brasil é um país só, de um só povo, com a mesma forma de pensar e com o mesmo espírito. Para que querer mexer com ideias tão antigas e tão enraizadas em nossos corações?

Aqueles que leem Sérgio Buarque de Holanda entendem o que ele quis dizer quando se referiu aos brasileiros como “homens cordiais”. E sabem que ele se referia a nós, os brasileiros, como um povo incapaz de aceder à racionalidade quando confrontada com a emoção. Alguns séculos antes, Spinoza também alertava, por outros caminhos: “Os homens afirmam que as coisas desagradáveis ocorrem em face de os homens terem feito algo errado – ofensas ou erros cometidos nos cultos a D’us. E mesmo que o tempo e a experiência mostrem que as coisas agradáveis e desagradáveis ocorrem, indistintamente, aos devotos e aos ímpios, o preconceito e a superstição não se alteram.” 

Há um mundo para quem o vê com emoção e outro mundo para aqueles que conseguem escalar o estreito campo da racionalidade, porta de entrada da Política, da Ética, além, é lógico, da Ciência. Para esses, a ideia de respeito inclui a diferença, a ideia de Pátria inclui a  pluralidade, a ideia de religião inclui a diversidade de matrizes religiosas, a ideia de família inclui a ideia de afeto sem condições ou padrões pré-estabelecidos. E há, sem dúvida, a ideia de emoção, de amor, mas sem que esses sentimentos sejam capazes de descarnar o discernimento e a ação voltada para um espaço público no qual todos devem ser ouvidos e respeitados, e no qual a ideia de maioria é só uma técnica de escolha de representantes e não uma chancela para o extermínio ou para a segregação.

No limite, sempre acreditamos que nossa cordialidade não seria totalmente cega pelo preconceito e pela superstição e que “não seria possível” navegarmos, acreditando que o mundo fosse realmente plano. 

Enganamo-nos. Estávamos com a vista enevoada por nossa crença otimista. Agora só resta dizer: como dói.

*Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica e professor de Humanidades no Curso Positivo.
@profdanielmedeiros