Dezembro Laranja: Paraná segue entre os Estados com maior incidência de câncer de pele
Campanha alerta para prevenção, diagnóstico precoce e aumento da exposição solar durante a estação mais quente do ano
O Paraná permanece entre os estados com maior incidência de câncer de pele no Brasil, com uma média anual de 5 mil novos casos registrados, segundo publicado pelo portal Bem Paraná em 2024). Já o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que o Brasil registre 220.490 novos casos de câncer de pele não melanoma por ano no triênio 2023–2025, sendo que a Secretaria de Saúde do Paraná destaca que, historicamente, os meses de maior radiação ultravioleta concentram também maior número de atendimentos e diagnósticos relacionados à doença. Esse cenário reforça a urgência das ações do Dezembro Laranja, campanha nacional de conscientização voltada à prevenção e ao diagnóstico precoce.
Para o oncologista do Centro de Oncologia do Paraná (COP), Rafael Vanin, a chegada do verão exige atenção redobrada da população. “Os dados reforçam um padrão que observamos todos os anos: quanto maior a exposição solar, maior o risco. O câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil e, ao mesmo tempo, um dos mais evitáveis. Por isso, informação correta e prevenção contínua são fundamentais, especialmente nesta época do ano”, explica.
Combinação perigosa entre calor e atividades ao ar livre
Segundo o especialista, a combinação entre calor intenso, atividades ao ar livre e picos de radiação ultravioleta leva muitas pessoas a subestimarem o risco real. “Quando falamos de verão, falamos de um período crítico. A população costuma se expor por mais tempo e sem proteção adequada, o que aumenta o risco acumulado de danos às células da pele”, afirma.
Além da proteção diária, o oncologista reforça a importância das consultas periódicas, uma vez que o diagnóstico precoce pode salvar vidas. “Lesões suspeitas devem ser avaliadas com rapidez, e o acompanhamento dermatológico é essencial, especialmente para pessoas de pele clara, histórico familiar ou exposição solar frequente. Ao contrário do que alguns imaginam, o câncer de pele não aparece apenas em pessoas mais velhas, inclusive temos visto diagnósticos cada vez mais precoces”, destaca Vanin.
Além disso, a busca por fontes confiáveis é determinante para evitar equívocos sobre tratamentos ou supostos ‘métodos caseiros’, que podem agravar a situação. “O excesso de informações nas redes sociais muitas vezes confunde o público. Por isso insistimos que a prevenção e o cuidado devem ser orientados por especialistas”, reforça o médico.
A importância da prevenção
Com a chegada do verão 2025–2026, marcado por dias mais longos, altas temperaturas e aumento significativo das atividades ao ar livre, as orientações de prevenção se tornam ainda mais urgentes, sendo que o cuidado com a pele deve fazer parte da rotina de toda a família e não apenas de quem já tem histórico ou maior risco para a doença. “Crianças e adolescentes, por exemplo, ainda apresentam grande resistência ao uso contínuo de protetor solar, mas representam um público estratégico, já que a maior parte do dano causado pela radiação ultravioleta se acumula ao longo dos anos. A radiação acumulada ao longo da vida é um fator determinante. Proteger as crianças hoje é garantir adultos mais saudáveis no futuro”, enfatiza o oncologista, lembrando que mudanças simples no dia a dia podem reduzir de forma expressiva a probabilidade de desenvolvimento do câncer de pele na vida adulta.
Além da aplicação diária do protetor, o especialista destaca que a prevenção exige também a construção de uma nova cultura de cuidados, especialmente em um país como o Brasil, onde a exposição ao sol ainda é tratada como símbolo de lazer, descanso e estética. Segundo Rafael Vanin, é preciso estimular comportamentos coletivos e individuais que reduzam o risco sem impedir a convivência com ambientes externos. “A queimadura de hoje pode resultar em uma lesão suspeita daqui a alguns anos. Por isso, não basta usar protetor solar, é preciso buscar sombra, evitar bronzeamentos intencionais, usar roupas adequadas e reaplicar o produto. Essas são atitudes essenciais”, afirma.
Principais cuidados para reduzir o risco de câncer de pele
Usar protetor solar diariamente, com FPS 30 ou mais e reaplicação a cada 2–3 horas.
Evitar exposição solar entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa.
Utilizar barreiras físicas: chapéus, óculos com proteção UV, roupas com filtro solar.
Buscar sombra sempre que possível, especialmente em atividades prolongadas ao ar livre.
Hidratar a pele e o corpo, prevenindo queimaduras e inflamações.
Observar pintas e manchas que mudem de tamanho, cor, formato ou textura.
Realizar consultas regulares com dermatologistas e oncologistas, principalmente pessoas de grupos de risco.
Evitar o uso de câmaras de bronzeamento, proibidas no Brasil pela Anvisa devido ao alto risco carcinogênico.