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Alfabetização emocional: o beabá das emoções

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Hannyni Mesquita*

Frente a tantos desafios da educação de nossas crianças, talvez o mais necessário na atualidade seja a alfabetização emocional. Ao longo do tempo, estudiosos foram demonstrando que assim como a aprendizagem em outras áreas, as emoções também precisam ser ensinadas, pois não se nasce sabendo lidar com os sentimentos. Nossas habilidades socioemocionais impactam diretamente na maneira como interagimos uns com os outros e conosco mesmos.

Sem o desenvolvimento da inteligência emocional, muitas vezes comprometemos outras habilidades, pois os benefícios atingem a ordem cognitiva, desenvolvendo no indivíduo o perfil para perseverar, construir e reelaborar o conhecimento, e gerenciar as situações cotidianas. Quantos casos de pessoas que sabem resolver uma prova, mas na hora “dá um branco”, ou após uma discussão diz “desculpe, não acredito que falei isso”, ou, ainda, brigas no trânsito iniciadas por situações simples? Esses são exemplos de atitudes do cotidiano nas quais as pessoas precisam desenvolver sua inteligência emocional para lidar com a situação.

Com o cenário de pandemia, no qual tivemos a privação de contato social, entre outros desafios, a escola desempenha, nesse momento de pós-pandemia, um papel extremamente importante para as crianças ao oportunizar espaço para a coletividade, o partilhar, o conflito, a negociação, a criação e, por vezes, a frustração.

A importância de desenvolver a inteligência emocional desde cedo foi entendida pelo casal Harry e Meghan Markle. Ao escolher a primeira escola para o pequeno Archie, de 3 anos, os pais priorizaram uma que ensina alfabetização emocional e gentileza, no Canadá. E para ampliar as possibilidades desse desenvolvimento, é importante o envolvimento das famílias. Mas, como ensinar isso? 

Primeiro, precisamos ensinar nossas crianças a expressarem as emoções – e isso se inicia na identificação do que ela está sentindo. Em um primeiro momento, é o adulto quem ajuda a identificar e nomear essas emoções, isto é, se está triste, com medo, com raiva. Isso permite que a criança crie uma autoconsciência. Porém, não adianta apenas identificar. Deve ser permitido à criança expressar sua emoção, seja verbalizando, dramatizando ou desenhando. No entanto, é preciso ficar atento para que essa expressão não resulte no uso da força física contra outras pessoas ou palavras ofensivas.

E, por fim, é necessário que ela aprenda a controlar tudo isso. Sem o controle das emoções, temos um mundo violento, egoísta e destrutivo. Saber controlar o que sentimos nos possibilita desfrutarmos de maneira racional das nossas tomadas de decisões, e, aliadas à empatia, teremos mais respeito nas relações.

*Hannyni Mesquita, pedagoga, especialista em gestão das organizações educacionais e educação bilíngue, coordenadora da Educação Infantil do Centro de Inovação Pedagógica (CIPP) dos colégios do Grupo Positivo.

A Rússia, os exercícios militares e o atentado contra Dugin

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João Alfredo Lopes Nyegray*

Na última semana, o anúncio chinês do envio de tropas para a Rússia mostrou que não apenas falhou a tentativa ocidental de isolar o regime de Moscou, como aponta que as recentes incursões de políticos estadunidenses em Taiwan apenas empurrou os chineses para próximo de Putin. Segundo anúncios oficiais, no final de agosto, China, Rússia, Índia, Tajiquistão e Belarus realizarão exercícios militares conjuntos.  

Ainda que a manobra Vostok – como tem sido chamado o programa para exercício militar – ocorra no leste russo, há muito em jogo nessa demonstração de aliança. Quando militares russos invadiram a Ucrânia em fevereiro deste ano, a China manteve uma postura pró-Moscou. É possível que Pequim enxergue a relação Rússia-Ucrânia como a própria relação com Taiwan – que considera uma província rebelde que desafia a política de “uma só China”.

Quando a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA visitou Taiwan no início de agosto, os primeiros a manifestar apoio à causa chinesa foram justamente os russos; e a posição estadunidense em relação à ilha pode ser o estopim que faltava para que o apoio chinês à Rússia seja mais do que apenas retórico. Chineses são grandes fabricantes de armas, e, nesse exato momento, estão construindo não um, mas cinco novos destroieres para aumentar sua frota náutica. O envio de armas chinesas para a Rússia pode fazer com que a guerra na Ucrânia entre numa nova e ainda mais cruel fase.

Enquanto ocorrem articulações militares e diplomáticas entre China, Rússia, Belarus, Índia e Tajiquistão, os ucranianos mostram que a melhor defesa é o ataque: pelo menos oito aviões de caça russos foram inutilizados após um ataque à base aérea de Saky, em 11 de agosto – e os russos não confirmam que se tratou de um ato ucraniano. Drones enviados pelos soldados de Kiev seguem atacando navios no Mar Negro e linhas russas de suprimentos em terra. Enquanto tudo isso ocorre no front de batalha, um ataque à bomba em Moscou vitimou Darya Dugina, a filha de um dos filósofos que mais influenciou Putin, Alexander Dugin.

Tudo indica que o alvo do ataque não era Darya, mas Alexander: o filósofo já pregou incontáveis vezes a aniquilação dos ucranianos, e sua obra “Fundamentos da Geopolítica”, publicada em 1997, defende a criação de um império Eurasiático comandado por Moscou, cuja extensão transcontinental de Dublin a Vladivostok pudesse semear a instabilidade e o caos nos Estados Unidos. Inicialmente um anticomunista, Alexander Dugin ganhou notoriedade com suas publicações pró-Rússia e anti-EUA, além de propor a criação de um novo “fascismo russo”, altamente nacionalista e populista.

Após o atentado, tem-se o questionamento: seria esse um ato interno de dissidentes russos, ou seria um ato de guerra patrocinado por Kiev? Se o atentado foi pensado e executado por russos, dificilmente Putin o reconhecerá abertamente – uma vez que, admitir que a morte de Dugina foi trabalho interno provaria que sua liderança não é unânime como deseja e alardeia o presidente. De outro lado, o atentado pode servir para que Putin siga defendendo que o regime ucraniano é terrorista e deve ser eliminado – mas não sem, a partir de agora, temer uma guerra longe do Donbass e cada vez mais perto do Kremlin e de outras grandes cidades russas. Seria por isso o descaso russo com a instabilidade nuclear em Zaporizhia?

*João Alfredo Lopes Nyegray, especialista em Negócios Internacionais, doutorando em estratégia, coordenador do curso de Comércio Exterior e professor de Geopolítica e Negócios Internacionais na Universidade Positivo (UP). @janyegray

O retrato de Pedro Américo

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*Daniel Medeiros

Pedro Américo pintou seu quadro mais conhecido cerca de 60 anos depois do “Grito”, e inventou quase tudo o que muitos acreditam ser o momento histórico da independência do Brasil. D. Pedro estava finalizando uma longa viagem de quase 1.400 quilômetros, sobre uma mula, enfrentando longas estradas poeirentas, atravessando rios e subindo serras, desde o Rio de Janeiro até São Paulo. Próximo ao seu destino, recebe uma comitiva enviada por sua esposa, a princesa Leopoldina, uma austríaca culta que governava o país na sua ausência e que conspirava contra o novo governo de Portugal. É provável que D. Pedro tenha sido colhido de surpresa pelas notícias enquanto defecava, placidamente, às margens da picada em meio ao terreno plano próximo ao riacho Ipiranga. Lógico que Pedro Américo, um artista já consagrado, morando na belíssima Florença, não poderia – na verdade, nem lhe passaria pela cabeça – um realismo tão brutal para expressar o nascimento do Brasil Independente. “A realidade inspira, e não escraviza o pintor”, disse ele ao justificar a invenção artística daquela tarde quente e úmida de setembro, com um príncipe enfraquecido pela disenteria, sobre uma mula brejeira, acompanhado por não mais do que dez pessoas, nenhuma delas com os trajes militares pomposos que aparecem no quadro. Curioso que os trajes nem existiam em 1822. Ou seja, a guarda militar que inspirou o presidente Médici, no aniversário do sesquicentenário, a criar uma versão verde oliva da Independência, como se o grito do Ipiranga só fosse possível com a tutoria dos militares ali presentes, protegendo D. Pedro sabe lá do quê, nunca existiu. Ex nunc, diriam os juristas, sobre os efeitos de uma causa nula, de um fato impossível. Mas não entre nós. A independência tornou-se refém de uma versão militarizada, como se na verdade não tivesse realmente havido um rompimento, mas um aprisionamento de suas intenções. E até hoje pagamos por esse capricho de Pedro Américo.

O quadro ficou pronto em 1888, ano já da anemia do Império, abatido por suas próprias contradições e insuficiências e que minguará até morrer de morte matada por uma opereta militar, farsa grotesca protagonizada por um marechal moribundo e furibundo por rancores imperscrutáveis contra o imperador doente. A República nasceu sem povo e vicejou em meio a golpes e quarteladas, primeiro com Deodoro e depois com Floriano, o vice que virou ditador no lugar do presidente que fechou o Congresso. Enquanto isso, os graves problemas herdados do Império ficavam impunes, perpetuando-se pelos interiores e periferias das cidades, com o mesmo olhar espantado e desorientado do homem do carro de boi do quadro de Pedro Américo.

Em 1891, com o Brasil convulsionado pelas diatribes do velho marechal, lá na Europa, o escritor irlandês Oscar Wilde publica o romance “O retrato de Dorian Gray”, que conta a história de um homem que mantém-se jovem e rico enquanto suas misérias e graves pecados vão se acumulando no retrato que mantém escondido em um quarto de seu palácio. 

O retrato da independência de Pedro Américo é um Dorian Gray ao contrário. Enquanto o país se perdia em tenebrosas negociatas, golpes e ditaduras, a imagem plácida do jovem príncipe desafiava os fatos, com sua espada em riste, cercado por um cortejo de apoiadores, a maioria também com espadas em punho, para enfrentar os “inimigos da Pátria” e construir uma Nação forte e respeitada pelo mundo. O quadro, um portento de quatro metros de altura por sete de largura, busca aprisionar não o tempo, mas o sonho. Um sonho equivocado.

Hoje, às vésperas de o país completar duzentos anos da Independência, com a data sequestrada por interesses torpes, o quadro de Pedro Américo permanece como um retrato do que fomos capazes de fazer com o nosso passado e somos capazes de fazer com nosso futuro se não nos lembrarmos que a independência é mais do que uma imagem falsa com uma mensagem falsa, mas uma obra por realizar. Com roupas simples, sobre uma mula brejeira, sem escolta de homens armados.  

*Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica e professor de Humanidades no Curso Positivo.  @profdanielmedeiros

Justiça determina que Álvaro Dias interrompa veiculação de propagandas irregulares

Decisão da justiça determina que o candidato Álvaro Dias, evidencie a chapa e os suplentes em seus materiais de campanha.

As propagandas distribuídas até o momento camuflam informações como a coligação do PSB – partido socialista brasileiro.

Deputada Aline Sleuties na cena do crime?

O Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral, frente a essa irregularidade, determina que sejam interrompidas as inserções das propagandas, em todos os meios de comunicação, sob pena de multa de R$5 mil para cada programa transmitido em desacordo com o art. 11, e parágrafo único da Resolução-TSE nº 23.610/19.

O candidato Álvaro Dias fere também Art. 12 da mesma Resolução e fica sujeito a penalização de
R$ 10 mil caso continue a veicular propagandas que não façam menção aos seus suplentes.

Historiador relembra 7 de setembro que não foi contado

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Além do grito de Dom Pedro I, momentos menos celebrados foram fundamentais para que o país se separasse de Portugal

Em 1823, às margens plácidas da Baía de Todos os Santos, uma mulher negra ergue seu braço e brada “Independência ou morte!”, decretando, de uma vez por todas, que o Brasil é um país livre, e não mais uma colônia de Portugal. Embora a história oficial contada nos livros não seja exatamente essa, a luta de mulheres e homens escravizados na Bahia e em outros cantos do país foi fundamental para que o “brado retumbante” de Dom Pedro I, às margens do Ipiranga, em São Paulo, tivessem efeito prático na vida dos brasileiros.

Colônia portuguesa desde a chegada de Pedro Álvares Cabral àquela mesma Bahia, em 1500, o Brasil era, na verdade, um apanhado de províncias que pouco tinham em comum entre si. O que as unia era, sobretudo, a geração de riquezas por meio da escravidão. “As duas questões estão intimamente ligadas, na verdade. Quando falamos em independência, falamos também de um processo político que envolvia fortemente as discussões sobre a manutenção da escravidão nessas terras”, explica o professor de História e coordenador do Núcleo de Evolução de Conteúdo do Sistema Positivo de Ensino, Norton Frehse Nicolazzi Jr.

Enquanto, no papel, Portugal e Brasil travavam uma disputa política acirrada, mas pacífica, pelos direitos sobre o território do lado de cá do Atlântico, na vida real o cenário era bem mais sangrento. Muitas pessoas que faziam parte justamente da multidão de escravizados africanos enfrentaram as tropas portuguesas com as armas que tinham à mão. As marisqueiras da ilha de Itaparica, na Bahia, foram algumas dessas pessoas. Uma delas, Maria Felipa de Oliveira, teria sido a líder de um grupo de mulheres que incendiou muitas embarcações portuguesas no início de 1823, contribuindo fortemente para a expulsão dos militares portugueses do Brasil. “Não há registro, em livros ou documentos, que provem que Maria Felipa realmente existiu, mas ela continua muito presente na história oral dos moradores de Itaparica. Como personagem real ou não, essa mulher é uma figura simbólica muito importante das nossas ‘guerras de independência’”, detalha o historiador.

Além dela, ainda na Bahia, as figuras de Maria Quitéria, que se disfarçou de homem para poder lutar contra os portugueses, e da abadessa Joana Angélica, morta no Convento da Lapa, em Salvador, são celebradas até hoje pelos feitos no processo de independência do Brasil. Na terra e no mar baianos, o grito de independência não se limitou ao 7 de setembro de 1822; a batalha durou de 19 de fevereiro de 1822 a 2 de julho de 1823. A data final é, ainda hoje, dia de comemoração por lá.

Além disso, houve ainda guerras muito importantes pela independência no Piauí, Pernambuco, Pará, Maranhão e até mesmo no Uruguai, que, na época, era território brasileiro. “Ouvimos falar muito sobre José Bonifácio, Dona Leopoldina, Dom Pedro I e outros nomes, que também são importantes. Mas o Brasil só se tornou um país independente de fato porque muitos brasileiros comuns, entre eles, muitos a quem o próprio Brasil negou e continua negando reconhecimento e dignidade, lutaram bravamente contra o domínio português”, finaliza Nicolazzi.

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Sobre o Sistema Positivo de Ensino 

É o maior sistema voltado ao ensino particular no Brasil. Com um projeto sempre atual e inovador, ele oferece às escolas particulares diversos recursos que abrangem alunos, professores, gestores e também a família do aluno com conteúdo diferenciado. Para os estudantes, são ofertadas atividades integradas entre o livro didático e plataformas educacionais que o auxiliam na aprendizagem. Os professores recebem propostas de trabalho pedagógico focadas em diversos componentes, enquanto os gestores recebem recursos de apoio para a administração escolar, incluindo cursos e ferramentas que abordam temas voltados às áreas de pedagogia, marketing, finanças e questões jurídicas. A família participa do processo de aprendizagem do aluno recebendo conteúdo específico, que contempla revistas e webconferências voltadas à educação.

“Ouviram da Bahia as margens plácidas”

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Norton Frehse Nicolazzi Jr.*

“Ouviram da Bahia as margens plácidas / de um povo heróico, negro, indígena e cheio de mulheres o brado retumbante.” Quem dera o Hino Nacional Brasileiro trouxesse, entre suas palavras rebuscadas e seus instrumentos afinados, uma história mais parecida com aquela que o Brasil colônia realmente viu acontecer. Celebração da efeméride que rompeu os laços políticos da então colônia ibérica com sua metrópole, Portugal, o bicentenário do histórico 7 de setembro de 1822 é apenas parte do que devemos ao nosso passado repleto de heróis desconhecidos, que lutaram – e morreram – bravamente por um início de país.

Na Bahia, no Piauí, no Maranhão, no Pará, em Pernambuco e outros lugares, muito sangue de homens e mulheres negros e indígenas, tantos deles escravizados, precisou ser derramado para que Dom Pedro I pudesse, naquele início de setembro, erguer sua espada e gritar “Independência ou morte!”. Como de costume, no Brasil, os créditos ficaram com quem podia mais. Mas, longe de ser pacífico, nosso processo de independência teve envolvimento fundamental da população, principalmente a mais pobre e vulnerável. Ele também começou bem antes e terminou bem depois daquele único dia.

Desde a chegada da família real e da corte ao Brasil, em 1808, a fisionomia colonial foi gradativamente esmaecendo por um processo de “modernização”, que contou com a instalação do Conselho de Estado, da Corte Suprema, do Conselho Real da Fazenda, da Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação e do Banco do Brasil. A reboque veio a permissão para a instalação das primeiras tipografias, até então proibidas (vale lembrar que o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, era publicado na Inglaterra). O desembarque da missão artística francesa, em 1816, que trouxe arquitetos, pintores, compositores, botânicos, zoólogos e outros cientistas, foi responsável pela criação de novos prédios e pelo registro da geografia, flora e fauna brasileiras. Um novo rosto, esse mais brasileiro do que português, ia se delineando.

Se, no papel e nas relações políticas, os embates eram mais diplomáticos que práticos, nos recônditos brasileiros houve guerra de verdade. Muita guerra. Um número incalculável de cidadãos comuns engrossou as linhas de frente para combater as tropas portuguesas, bem mais preparadas e com um arsenal bélico adequado. Enquanto isso, os brasileiros dispunham de facas, facões e outras armas que encontravam em suas próprias casas. Não à toa, as baixas eram muito mais frequentes entre os “soldados” daqui.

Conta a tradição oral que em Itaparica, na Bahia, um grupo de marisqueiras, liderado por Maria Felipa de Oliveira, ateou fogo em dezenas de embarcações portuguesas e foi capaz, ainda, de aplicar uma surra de cansanção – planta que provoca queimaduras na pele – em marinheiros falsamente seduzidos por elas. Se Maria Felipa foi ou não real, pouco importa. Porque ela é muito real, até hoje, no orgulho e na memória do povo que verdadeiramente fez a Independência acontecer.

E, se Maria Felipa tiver entrado para a história sem nunca ter existido de verdade, uma só heroína irreal ainda seria insuficiente para compensar a quantidade muito maior de heróis reais que entregaram suas vidas pelo “sol da liberdade”. Às margens do rio Jenipapo, no Piauí, numerosas covas sem identificação seguem “deitadas eternamente em berço esplêndido”, embora seus ocupantes jamais possam ser lembrados e celebrados. São, também, brasileiros que morreram lutando contra os portugueses, em uma das batalhas mais sangrentas daqueles anos. Que celebremos Maria Felipa, então, como símbolo desses tantos anônimos que pereceram.

Em janeiro de 1822, as Cortes portuguesas queriam que Dom Pedro I retornasse a Portugal, é verdade. E ele decidiu, influenciado por Dona Leopoldina e José Bonifácio, responder com um “fico!”. O episódio ficou conhecido pelo texto criado pelo Senado e atribuído ao príncipe regente: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico”.

Meses mais tarde, em setembro, D. Pedro retornava a São Paulo, vindo de Santos, quando, às 16 horas do dia sete, recebeu documentos e mensagens pelo correio da Corte. José Bonifácio lhe enviou carta solicitando seu imediato retorno ao Rio de Janeiro, com as seguintes palavras: “Senhor, o dado está lançado, e de Portugal não temos a esperar senão escravidão e horrores”.

Segundo o padre Belchior, que acompanhava a comitiva, D. Pedro, tomado de fúria, reuniu sua guarda e jurou, com espada empunhada: “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil”. O sangue derramado, no entanto, sempre esteve longe de ser o dele.

*Norton Frehse Nicolazzi Jr. é professor de História e coordenador do Núcleo de Evolução de Conteúdo do Sistema Positivo de Ensino.

Quatro dicas para cuidar da pele no frio

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Durante o inverno, o corpo também sente na pele, literalmente, a mudança no clima. Com a estação mais seca e fria do ano, a pele, seja do rosto, lábios ou corpo, sofre com as baixas temperaturas. Nesse período, a recomendação é que os cuidados sejam maiores. “Sabemos que, nos dias mais frios, pode bater aquela preguiça de seguir com a rotina diária de cuidados, mas é justamente nessa época que a atenção ao bem-estar da pele deve ser redobrada”, orienta a especialista em fisioterapia dermatofuncional e professora do curso de Estética da Universidade Positivo (UP), Andressa Perin Martins. 

A baixa umidade provoca ressecamento e sensibilização, fazendo com que a pele apresente sinais que podem vir em forma de descamação, vermelhidão e coceira. “A água é a principal fonte de hidratação do nosso organismo. Fazer a adequada ingestão diária é fundamental para manter a hidratação da pele e dos demais órgãos do corpo”, reforça.

Pele ressecada no inverno: por quê?

De acordo com a especialista, o ar seco contribui para a desidratação e causa reações alérgicas importantes. Mas, além dos fatores climáticos, há alguns hábitos que fazem mal à nossa pele. Tomar banho com a temperatura da água muito elevada, por exemplo, reduz a barreira e proteção da pele e do couro cabeludo. Outro erro é deixar de usar o protetor solar nos dias gelados. “A exposição ao sol em excesso é prejudicial e uma das maiores causadoras de manchas na pele, já que os raios UVA e UVB não são emitidos apenas nos dias ensolarados, mas também em dias chuvosos e nublados”, lembra. 

Andressa explica que o clima frio e seco e o abandono do cuidado diário durante a estação mais fria do ano resultam em peles mais secas, reativas, sensíveis e, muitas vezes, até inflamadas. “É importante prestar atenção à ardência, coceira, queimação, vermelhidão e até mesmo àquelas pequenas fissuras que tendem a se intensificar no inverno”, alerta.

Dicas de skincare: o que fazer?

Por causa dos diversos problemas de saúde e aparência da pele provocados pelo clima frio, Andressa reafirma a importância de incorporar práticas à rotina diária que mantém a pele hidratada sem muito esforço.

  1. Banhos mornos: na hora do banho, dê preferência a temperaturas mais amenas (ou, no mínimo, diminua a duração dos banhos quentes), evitando a agressão à camada de proteção da pele e a dilatação excessiva dos poros.
  2. Beba mais água: água é a principal fonte de hidratação do organismo. Beber a quantidade correta de água diariamente é fundamental. “Mas atenção: o nosso corpo não acumula água, então essa deve ser uma prática constante”, reforça.
  3. Use os cosméticos certos: os hidratantes cosméticos do tipo emulsão, que contêm mais ceramidas na sua composição, são ideais, pois garantem uma boa lubrificação e formam uma barreira à prova d’água na pele. Para peles sensíveis, a dica é evitar usar esfoliantes e optar por sabão em espuma para o banho. 
  4. Protetor solar: por fim, mas não menos importante, passe sempre protetor solar com FPS 30, no mínimo. É importante manter o uso do protetor o ano todo. 

“Ao adotar esses hábitos, é possível proteger e contribuir com o cuidado de beleza da qual a nossa pele necessita para se manter bonita e saudável”, finaliza. 


Sobre a Universidade Positivo

A Universidade Positivo é referência em Ensino Superior entre as IES do Estado do Paraná e é uma marca de reconhecimento nacional. Com salas de aula modernas, laboratórios com tecnologia de ponta e mais de 400 mil metros quadrados de área verde no campus sede, a Universidade Positivo é reconhecida pela experiência educacional de mais de três décadas. A Instituição conta com três unidades em Curitiba (PR), uma em Londrina (PR), uma em Ponta Grossa (PR) e mais de 70 polos de EAD no Brasil. Atualmente, oferece mais de 60 cursos de graduação, centenas de programas de especialização e MBA, cinco programas de mestrado e doutorado, além de cursos de educação continuada, programas de extensão e parcerias internacionais para intercâmbios, cursos e visitas. Além disso, tem sete clínicas de atendimento gratuito à comunidade, que totalizam cerca de 3.500 metros quadrados. Em 2019, a Universidade Positivo foi classificada entre as 100 instituições mais bem colocadas no ranking mundial de sustentabilidade da UI GreenMetric. Desde março de 2020 integra o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Mais informações em up.edu.br/

O legado de Sérgio Vieira de Mello

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João Alfredo Lopes Nyegray*

Cerca de dois anos após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos invadiram o Iraque do então governante Saddam Hussein. Na ocasião, os EUA tentavam provar ao mundo que o regime de Hussein teria armas de destruição em massa – e as provas apresentadas na época eram bastante risíveis. Mesmo sem grande apoio da comunidade internacional, o Iraque foi invadido e a ocupação estadunidense se iniciou.

Como era de se esperar, as Nações Unidas tinham uma embaixada no país invadido, e o brasileiro Sérgio Vieira de Mello era o representante oficial do Secretário-geral das Nações Unidas para o Iraque em Bagdá. Foi ali que, em 19 de agosto de 2003, um carro bomba vitimou não só Sérgio, mas também outras 21 pessoas que estavam no escritório da ONU.

Sérgio Vieira de Mello era filho do diplomata Arnaldo Vieira de Mello, que foi compulsoriamente aposentado pelo governo militar, em 1969. Sérgio, que acompanhou o pai em várias missões, estudou na Universidade de Paris onde obteve não apenas a licenciatura, mas o mestrado e o doutorado em Filosofia. No ano em que seu pai foi aposentado, Sérgio iniciou sua trajetória nas Nações Unidas, especialmente no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

De 1969 até seu falecimento, em 2003, Sérgio Vieira de Mello serviu em diversas missões de paz e missões humanitárias das Nações Unidas: Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique, Líbano, Camboja, Iugoslávia, Ruanda e Timor Leste. Não houve lugar conflituoso no mundo que Sérgio não esteve, e ao seu domínio de idiomas (com fluência falava – além do português – francês, inglês, espanhol e italiano) somava-se uma rara habilidade em negociação e um extenso conhecimento das Relações Internacionais, da política internacional e da história dos mais diversos povos.

Os ideais de Sérgio sobre a paz, o diálogo, os Direitos Humanos e a construção de sociedades igualitárias e justas, misturavam-se aos objetivos da própria ONU, onde Sérgio foi o primeiro brasileiro a alcançar o alto escalão. Com muita coragem e carisma, Vieira de Mello negociava firmemente com grupos armados e rebeldes, com governantes e com outros diplomatas. Samantha Power, que escreveu sua biografia, o descreveu como “uma mistura de James Bond com Bobby Kennedy”, e a preferência de Sérgio pela ação e não pelos escritórios certamente faz jus a essa descrição.

Não há como descrever o legado de Sérgio em poucas palavras, e, certamente, sua vida foi o exemplo do esforço que as Nações Unidas devem ter para “preservar as próximas gerações do flagelo da guerra” – como diz sua Carta constitutiva. Dezenove anos após sua morte, uma certeza é clara: o mundo seria muito melhor se Sérgio ainda estivesse conosco. Que sua história possa sempre ser lembrada, e que sua vida motive ainda muitas gerações na busca pela paz e pelo diálogo.

*João Alfredo Lopes Nyegray, doutorando em estratégia, coordenador do curso de Comércio Exterior e professor de Geopolítica e Negócios Internacionais na Universidade Positivo (UP). Siga no Instagram @janyegray

Inflação no Brasil: elevada mas com sinais de desaceleração

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Giovanna Miranda Mendes*

A inflação tem sido um tema recorrente nos noticiários no Brasil e no mundo desde 2021 com as mudanças da estrutura de consumo e produtiva com a covid-19, em escala global, intensificada pela Guerra da Ucrânia no início deste ano. Esses fatores causam impacto nos preços em geral, o que chamamos de inflação.

Mas, o que é inflação? A inflação é o aumento generalizado dos preços de uma economia. Por exemplo: os produtos que mais sofreram os reajustes nos últimos meses, e que chamou mais a atenção dos consumidores brasileiros foram o aumento do preço da gasolina, da carne e, mais recentemente, do leite. Compreender o que causa a inflação é fundamental para que se tenha controle sobre os preços. 

Dessa forma, há a inflação de demanda, que ocorre quando aumenta o consumo sem o acompanhamento da oferta (escassez de oferta), e a inflação de oferta, quando há escassez em matéria-prima das cadeias produtivas ou, ainda, um aumento dos custos de produção. Por fim, há a inércia inflacionária que ocorre quando os preços se ajustam no presente com base nos preços do passado, algo recorrente no Brasil nos anos 1980 e início dos 1990. 

A inflação atual é uma mistura de inflação de demanda e de oferta, inicialmente causada pelo isolamento social, quando as famílias tiveram que ficar mais tempo em casa, reduzindo drasticamente o consumo, mas seguida por um rearranjo das cadeias produtivas em todo o mundo que, para evitar o excesso de oferta e queda de preços, diminuíram a produção, o que provocou a escassez de diversos produtos e materiais, como caixas de papelão, vidros, materiais da construção civil, e chips eletrônicos.

A grande preocupação é com a estabilidade dos preços para que não haja um descontrole que corroa o poder de compra das famílias, e para evitar que o Brasil volte a viver o que aconteceu nas décadas de inércia inflacionária, cujo controle dos preços se tornou ainda mais complexo dada a ineficácia da política monetária.

Uma das formas de garantir a estabilidade econômica, ou seja, de controlar a inflação é compreender as ferramentas da política monetária e sinalizar, por meio de expectativas, aos consumidores, empresas e investidores que tomarão decisões baseadas nessas expectativas e nos indicadores de inflação divulgados mensalmente ou a cada semana nos boletins do Banco Central, chamados de Boletim Focus.  

O órgão responsável pelo controle da inflação no Brasil é o Banco Central, que acompanha os indicadores de preços, bem como das atividades econômicas, como PIB e desemprego, além do comportamento de variáveis do exterior. Esse acompanhamento é feito em intervalos de 45 dias, quando  há reuniões do Comitê de Política Monetária – COPOM para avaliar a inflação e definir a meta da taxa Selic, um instrumento importante da política monetária.

Dessa forma, percebe-se que, com o aumento da taxa Selic de 13,25% a.a. para 13,75 a.a.,  o Banco Central tenta segurar a inflação. É de se esperar que haja um recuo dos preços nos próximos meses, sinal de que a política monetária ainda é eficiente, mas não há esperanças de que a inflação encerre 2022 no centro da meta, ISO é, próxima a 3,5% a.a. (entre 2% e 5% a.a.), uma vez que boa parte da inflação atual é resultante da escassez da oferta, sem contar que é preciso tempo para superar os efeitos da pandemia, os lockdowns que ainda são determinados na China e aguardar a retomada das entregas de grãos represadas pela guerra da Ucrânia. Até o momento, a expectativa para a inflação em 2022 é de 7,11% a.a., e a previsão é  que apenas em 2023 caia para 5,36%, conforme o Boletim Focus divulgado no último dia 8.

A inflação é um fenômeno global e fatores externos, como a desvalorização do dólar ou aumentos em taxas de juros em países mais desenvolvidos que o Brasil, também podem repercutir em aumento da inflação. Considerando o impacto dos altos índices inflacionários sobre o endividamento das famílias, torna-se importante o acompanhamento da inflação, pois piora a qualidade de vida e o bem-estar das famílias, principalmente as de classe mais baixa, contribuindo para o aumento da fome e da miséria no país.

*Giovanna Miranda Mendes, doutora em economia e professora do curso de Economia da Universidade Positivo (UP).